Simulacro
vultos do lusco-fusco
no breu fugaz dos corredores
assombrações me assistem
e no silêncio
agitam-se de maneiras tolas
habita nele uma menina, uma moça
uma Eva e uma Lilith
prisioneiras sob o teto coexistem
e para o véu por trás de meus olhos
sussurram pecados de formas imorais
há tantas mulheres em mim que não descansam em paz!
desperto para o agora e vivo
finjo a vida observar
meu tempo perco brincando que existo
e enquanto isso
minhas mulheres esperam
algo que há muito em mim jaz
suas vozes
me dizem
para não ter medo
do ranger da porta
suas vozes
me dizem
para não dormir
de luz acesa
suas vozes me ensinam a não temer
a solidão
as palavras me atravessam
enquanto a mesa do café ainda está vazia
e não há mais motivos para poesia
enquanto encaro no escuro os retratos, espelhos
afronto os versos que não escrevo
me deparo com as mulheres que em mim habitam
e lhes pergunto:
o que há de minhas pontas dos dedos?
o que há de mim sem o medo?
o que há dessas conversas banais?
o vento bate no portão
me assusto e tremo sem pudores
fingindo que não as escuto mais
é na escuridão momentânea dos corredores
que minhas assombrações existem
e não me deixam em paz
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Isabella Luiz é de Recife, escritora, roteirista e criadora da Fale com Elas. Tem poesias em coletâneas publicadas no Brasil e em Portugal e um livro brega em andamento. Atualmente escreve na internet e se diverte.
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